CASTELO DE GUIMARÃES (Parte 1)

Castelo de Guimarães

Localização – Distrito: Braga ; Concelho: Guimarães
Status – Classificado  como:

  • Monumento Nacional (1908, no tempo da Monarquia Constitucional)
  • Monumento Nacional (1910, após a implantação da República)
  • Como Património Cultural da Humanidade (junto com o Centro Histórico de Guimarães, 2001, UNESCO)

Tempo de existência do castelo

Castelo de Guimarães

Contextualização

É difícil localizar no tempo e no espaço o momento exato em que começaram a surgir os castelos. Sabemos sim, que nos finais dos séc. X d.C. já existia uma rede densa destas construções por toda a Ibéria.

É difícil caracterizar essas primeiras estruturas defensivas. Podemos, no entanto, afirmar que se localizavam em pontos elevados que facilitavam o campo de visão, possuíam muros com fragilidades, executados de forma mais primitiva, que aproveitavam as facilidades concedidas pela morfologia do terreno e que se erguiam próximo de cursos de água.

Os castelos foram construídos em contextos histórico-militares instáveis e tinham por isso um papel importante de defesa do território, das populações que aí habitavam e nos acessos existentes.

Mapa de Portugal

Em face do que sabemos hoje podemos afirmar que não existem castelos “puros”, no sentido em que tenham preservado no decorrer dos séculos volvidos, exatamente a mesma traça e caraterísticas originais, ou dito de outra forma, que tenham permanecido exatamente iguais ao que eram no tempo da sua primeira construção.

Ao longo do tempo os castelos sofreram variadas influências. É também o caso do Castelo de Guimarães. Trata-se de um monumento que reflete a evolução dos tempos, dos conceitos e das necessidades sentidas em cada época.

Assim, desde o séc. X d.C., altura em que foi sentida a necessidade de construir uma fortaleza até ao presente, muitas foram as mudanças de contexto social, político e militar, e por isso de defesa.

Por essa razão foram muitas as alterações de fisionomia sofridas pelo Castelo de Guimarães ao longo dos séculos, pelo que o castelo que conhecemos não é o mesmo que existia no séc. X d.C.

Deste modo, e de acordo com alguns historiadores a vida do Castelo de Guimarães pode ser dividida em várias fases, mas aqui optaremos por destacar alguns dos episódios que ficaram para a História e marcaram aquele que é considerado o Berço da Nação.

O tempo da Condessa Mumadona Dias e a povoação de Vimaranes

Em meados do séc. X d.C. a Condessa Mumadona Dias e seu marido Hermenegildo Gonçalves (Conde de Tui), casam e têm vários filhos. Mais tarde, depois de enviuvar, esta condessa torna-se uma das senhoras mais poderosas do noroeste peninsular em Vimaranes (atual cidade de Guimarães).

Decide então mandar construir dois edifícios importantes: um, na parte baixa de Vimaranes, o Mosteiro de Santa Maria e do Salvador (por volta do ano 950); o outro, na parte alta do mesmo território, um castelo denominado Castelo de S. Mamede (entre os anos 950 e 957).

Esta fortificação foi necessária para defender o Mosteiro e a população que, entretanto, se fixou na região, pois era fortemente atacada, quer por Muçulmanos (vindos dos territórios ao sul de Coimbra) quer pelos Normandos (vindos das regiões frias do norte da Europa).

Desse primitivo reduto militar pouco ou nada se sabe, para além do facto de constituir um dos primeiros exemplos de um castelo erguido para assegurar a proteção de um mosteiro, uma binómio que viria a verificar-se outras vezes nas nos séculos seguintes.

O tempo do Conde D. Henrique de Borgonha e a sua esposa D. Teresa de Leão

Carta de Couto do Mosteiro de Tibães

Passado pouco mais de um século (na segunda metade do séc. XI), e como recompensa pelo auxílio prestado na Reconquista Cristã foi doado pelo rei Afonso VI de Leão e Castela ao Conde D. Henrique de Borgonha (1095-1112) o Condado Portucalense, por via do casamento deste com D. Teresa de Leão (filha do monarca, nascida fora do casamento).

O Condado Portucalense era constituído pela parcela de terra, delimitada pelos rios Minho e Douro e incluía a povoação de Vimaranes com o seu Castelo. Foi justamente Vimaranes que o Conde D. Henrique escolheu para estabelecer a sua corte.

Talvez tenha pesado na sua decisão a segurança que o Castelo de São Mamede – assim lhe tinha chamado sua fundadora – oferecia.

D. Afonso Henriques

Pintura de D. Afonso Henriques (Arquivo da Biblioteca Nacional)

Segundo reza a História também terá sido aqui, em Guimarães, que o jovem Infante Afonso (futuro primeiro Rei de Portugal) cresceu e passou a sua infância.

A fortificação, por essa altura, necessitaria de reparações urgentes e o conde optou por demolir parcialmente a construção de Mumadona, ampliando a área ocupada pela fortaleza original, com novos e mais espessos muros.

É esta data que vamos considerar como sendo o da construção do primitivo castelo de Guimarães.

CONTINUA (Ver PARTE 2)

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