CASTELO DE ÓBIDOS

Localização – Distrito: Leiria; Concelho: Óbidos
Status: Classificado como Monumento Nacional desde 1910

Tempo de existência do castelo

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A Antiga Cidade Romana de Eburobrittium

A menos de dois quilómetros a pé da localização atual do Castelo de Óbidos é possível visitar o que sobra e foi posto a descoberto da antiga Cidade Romana de Eburobrittium.
Apesar de já o romano Plínio-o-Velho (23-79 d. C.) a situar entre Collipo (Leiria) e Olisipo (Lisboa) – uma indefinição geográfica alimentou a sua localização durante séculos.

No entanto, mais do que uma pesquisa intensa e sistematizada, foi a construção do IP6 e do IC1, nos anos noventa do século passado, que puseram a descoberto os primeiros vestígios da mesma.
À luz dos dados recolhidos até ao momento, poder-se-á afirmar que a “Cidade Romana de Eburobrittium” sobreviveu entre finais do século I a. C. e a segunda metade do V d. C., numa zona particularmente favorável à longa permanência de comunidades humanas.

É provável que o seu abandono tenha decorrido da ausência de um sistema de defesa, absolutamente essencial no período politicamente conturbado do declínio do Império Romano do Ocidente.

Esse abandono poderá corresponder ao início da ocupação do sítio onde se situa hoje a Vila de Óbidos e o seu Castelo, pois era mais fácil realizar a defesa de uma povoação situada neste ponto mais alto, a que se juntavam as características geográficas com algumas escarpas e encostas abruptas que constituíam uma proteção e defesa naturais.

Breve Resumo histórico

Assim, acredita-se que a primitiva ocupação humana do seu sítio remonte a um castro romanizado. Com o declínio do Império Romano do Ocidente terá sido sucessivamente ocupado por visigodos (séculos V a VI d.C.) e por muçulmanos (séculos VIII a XII d.C.), atribuindo-se a estes últimos a fortificação inicial da povoação, como se constata pela observação de determinados trechos da muralha, com características muçulmanas.
Apesar do interesse dos historiadores e das aturadas pesquisas documentais realizadas, pelo menos desde a segunda metade do século XIX, não foi ainda possível, contudo, provar a existência durante o período anterior à chamada Reconquista Cristã de qualquer agregado populacional no sítio onde está hoje o Castelo de Óbidos.
O castelo de Óbidos constitui-se em um dos principais exemplares da fortificação medieval no país. Implantado sobre um pequeno monte, a cerca de oitenta metros de altitude, domina a planície envolvente e o rio Arnoia, a leste.

O Castelo Medieval

No contexto da Reconquista Cristã da Península Ibérica, as forças do rei D. Afonso Henriques (1112-85), após as conquistas de Santarém e de Lisboa (em 1147), terão encontrado resistência para conquistar a povoação de Óbidos e o seu castelo, o que finalmente aconteceu em 1148. O castelo encontra-se referido documentalmente desde 1153.
O filho e sucessor de D. Afonso Henriques – D. Afonso II (1211-23) – doou a povoação e o respectivo castelo a D. Urraca, sua esposa.
A povoação e o seu castelo mantiveram-se fiéis a D. Sancho II (1223-48), aquando da crise de sua deposição, resistindo vitoriosamente, em 1246, aos assaltos das forças do Conde de Bolonha, futuro rei D. Afonso III (1248-1279).

Essa resistência valeu à vila o honroso epíteto de “mui nobre e sempre leal”, que figura até hoje no seu brasão de armas.
Doada como presente de casamento por D. Dinis (1279-1325) à futura rainha Santa Isabel (D. Isabel de Aragão) durante as núpcias ali passadas, a vila passou a integrar o dote de todas as rainhas de Portugal, até 1834.
No contexto da Guerra Peninsular, foi da fortificação de Óbidos, que foram disparados os primeiros tiros de artilharia, por parte de franceses sobre ingleses, que resultaram na batalha de Roliça (1808), na que foi a primeira derrota das tropas de Napoleão.

O castelo medieval e a arquitetura militar

Fruto de diversas intervenções arquitetónicas ao longo dos séculos, o castelo de Óbidos integra o conjunto da vila, que preserva as suas caraterísticas medievais.
É dito na arquitetura militar que todos os elementos têm um objetivo na construção de uma defesa: seja face a uma ameaça de guerra seja como resultado da ambição de quem decide e financia essa construção.

São requeridos engenho e especialização da parte de quem concebe e implementa essas soluções, pois têm de ser ajustadas aos espaços e geografia onde deverão funcionar.
Nesse sentido cada castelo possui sempre uma caraterística que o torna único seja pelas características geográficas da sua implementação seja pelo tipo de ameaça que tem de enfrentar.

Neste contexto, Óbidos e o seu Castelo são um exemplo paradigmático da evolução da arquitetura militar em Portugal.
De um provável ponto de vigilância da costa foi-se desenvolvendo progressivamente a construção do castelo e ampliadas as suas cercas amuralhadas, num processo que foi longo, dispendioso e de reação face a ameaças, e onde muitos conhecimentos e culturas se cruzaram.
Assim, ao olharmos Óbidos e o seu castelo devemos ter presente que não se trata de uma obra feita de uma empreitada por ordem de um rei, mas um projeto continuado, de séculos, onde castelo e cerca foram abraçando a vila.
No reinado de D. Manuel I, foram introduzidos melhoramentos na fortaleza e foi construído um Paço, mas o terramoto de 1755 provocou graves danos em toda a estrutura do perímetro muralhado da Vila de Óbidos.

No século passado, a partir de 1932, o conjunto sofreu as primeiras intervenções de consolidação, reconstrução e restauro a cargo da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), sendo esses trabalhos, retomados, após o final da Segunda Guerra Mundial, a partir de 1947/48, quando o Estado, através da DGEMN, decidiu empreender novas obras de restauro do castelo de Óbidos.
De destacar que o Paço do Castelo de Óbidos foi recuperado para aí ser instalada uma Pousada, naquela que é considerada a primeira Pousada do Estado Português num edifício histórico: a Pousada Josefa d’Óbidos.
A Pousada de Óbidos, integra atualmente as Pousadas de Portugal, que constitui tão só, o conjunto de hotéis Históricos em alguns dos mais belos Palácios, Mosteiros e Castelos de Portugal.
O Castelo de Óbidos e todo o conjunto envolvente foi eleito em 2007, como uma das Sete Maravilhas de Portugal.

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