CASTELO DE CAMPO MAIOR

Castelo de Campo Maior

Localização – Distrito: Portalegre; Concelho: Campo Maior
Status: Classificado como Monumento Nacional desde 1911
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Tempo de existência do Castelo

Castelo de Campo Maior

Contextualização e antecedentes

Erguido no alto do outeiro de Santa Vitória para defesa da raia alentejana, do alto de suas torres se divisam as vizinhas Badajoz e Elvas.

Atualmente o monumento integra a Praça-forte de Campo Maior, que é, depois da de Elvas, a mais importante fortificação do Distrito.

A primitiva ocupação humana do seu sítio perde-se na pré-história. Remonta ao tempo de povos Galo-Celtas, e foi sucessivamente habitada por Romanos, Visigodos e Muçulmanos.

Com a Reconquista cristã da Península Ibérica foi conquistada por forças cristãs do reino de Leão no século XIII, após 1230. Afonso X de Leão e Castela elevou Campo Maior à categoria de vila em 1255.

O seu primeiro foral data de 1260, outorgado pelo seu senhor, o então bispo da Diocese de Badajoz, D. Frei Pedro Pérez

O castelo medieval

A vila foi conquistada por forças portuguesas entre 1295 e 1296. Só seria, no entanto, incorporada definitivamente aos domínios do Reino de Portugal por D. Dinis (1279-1325) em virtude do Tratado de Alcanizes (1297).

Para incrementar o seu povoamento e assegurar-lhe a defesa, o soberano concedeu-lhe Carta de Foral e determinou, em 1310, a construção do seu castelo.

Diante do crescimento da povoação e importância geoestratégica que Campo Maior desempenhava na defesa fronteiriça, D. João II (1481-1495) mandou ampliar a fortificação, ordenando a edificação de um novo conjunto de muralhas que albergasse todo o perímetro urbano, que em cerca de 200 anos tinha conhecido uma expansão considerável para fora da cerca primitiva.

Retrato de D. João II (1455-95), (Século XV, Escola Portuguesa, Museu da Marinha, Lisboa)

Esses trabalhos prosseguiam sob o reinado de Manuel I de Portugal (1495-1521), quando foi figurada por Duarte de Armas no “Livro das Fortalezas” (c. 1509), em duas vistas (fls. 27 e 28) e uma planta (fl. 124). Em 1512, o monarca concedeu-lhe o Foral Novo.

Séculos XVII e XVIII

Nos séculos XVII e XVIII, diante da modernização dos meios ofensivos (utilização de artilharia), a defesa da vila foi remodelada com a introdução de linhas abaluartadas e construção de novas instalações militares, transformando a povoação medieval em uma Praça-forte.

Castelo de Campo Maior

Castelo de Campo Maior – lado sul, (Duarte de Armas, Livro das Fortalezas”, c. 1509)

Praça-forte de Campo Maior

Depois do período filipino e da Restauração da Independência em 1640, houve a necessidade de reforçar todo o sistema defensivo do país, com a construção de grandes conjuntos fortificados, como Elvas, ou a reconstrução e ampliação de antigos castelos e fortalezas.

Assim, e decorrendo da decisão de D. João IV, iniciaram-se em 1645 os trabalhos de construção da fortaleza abaluartada do Castelo de Campo Maior, sob orientações de João Cosmander, sucedido neste cargo pelo francês Nicolau de Langres.

A obra ficou terminada apenas nos finais do século XVII, já durante o reinado de D. Pedro II e sob a direcção do Mateus do Couto, tendo sido transformada numa verdadeira praça-forte.

Plano do cerco a Campo Maior (1712)

Livro de varias plantas deste Reino (Portugal) e de Castela, [entre 1699 e 1743]

CORREIA, João Tomás, ca 1667-? – Biblioteca Nacional de Portugal

Posteriormente, no contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1713), resistiu invicta a um cerco de trinta e seis dias imposto por tropas espanholas sob o comando do marquês de Bay (1712).

Na ocasião o fogo da artilharia sitiante causou-lhe severos danos, tendo aberto uma brecha no baluarte de São João, onde uma heroica resistência conteve o inimigo.

A tragédia de 1732

O conjunto medieval foi severamente danificado em 16 de setembro de 1732. Por volta das três horas da madrugada, durante uma violenta tempestade, registou-se a queda de um raio sobre a torre de Menagem do castelo, utilizada como paiol de pólvora.

Castelo de Campo Maior

Retrato do Engenheiro-Mor do Reino, Manuel de Azevedo Fortes
(Retrato, c. 1727, por Pierre-Antoine Quillard, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa)

No paiol estavam armazenados, naquele momento, 90 toneladas de pólvora e cinco mil munições.

À violenta explosão seguiu-se um vasto incêndio, que arrastou fatalmente consigo cerca dois terços dos habitantes da vila, consumiu mais da metade das habitações da vila, arrasando não só o castelo como a cerca medieval.

A praça foi restaurada, ainda sob o reinado de D. João V (1705-1750), com as obras a cargo do engenheiro militar Manuel de Azevedo Fortes, que transformou o conjunto em ruínas numa fortaleza de menores dimensões, mas de maior operacionalidade.

Planta do Castelo de Campo Maior (1817, Comando Geral do Real Corpo de Engenheiros, Portugal)

O Século XIX

Quando da Guerra Peninsular, a praça caiu com honras militares após dezoito dias de cerco espanhol durante a chamada Guerra das Laranjas (1801).

Posteriormente, registou-se na vila um levante popular contra as tropas napoleónicas (1808). A sublevação saiu vitoriosa devido ao apoio do exército de Badajoz, que permaneceu na vila durante cerca de três anos.

Pouco depois, em 1811 uma nova invasão francesa manteve um cerco cerrado durante um mês (13 dias?) à vila, obrigando-a a capitular.

Mas a sua resistência deu tempo a que, quatro dias mais tarde chegassem os reforços luso-britânicos sob o comando de William Beresford, que colocou os franceses em debandada, durante o Combate de Campo Maior.

Nessa altura a vila ganhou o título de “Vila Leal e Valorosa”, presente no atual brasão da vila.

Como recompensa, Beresford recebeu o título de Marquês de Campo-Maior.

Soldados do Regimento de Infantaria de Campo Maior (Início do século XIX)

O Século XX

Na primeira metade da década de 1940, a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) iniciou obras de consolidação e restauro do conjunto, caracterizadas por trabalhos de reconstrução.

Uma segunda etapa de obras foi iniciada na segunda metade da década de 1960, estendendo-se até ao início da década de 1970, marcada por intervenções nas muralhas do castelo e na Capela de Nossa Senhora dos Aflitos.

Uma terceira etapa teve lugar na década de 1980, passando o monumento para a afetação do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) a partir de 1996.

No início de 2010 registou-se o desmoronamento parcial do monumento devido ao mau tempo ocorrido na região.

Castelo de Campo Maior

Requalificação do Castelo e Fortificação Abaluartada 2017-2020

O projecto (cofinanciado no âmbito do programa Portugal 2020, Alentejo 2020 e do FEDER) foi implementado visando permitir a reabilitação e requalificação da herança patrimonial e cultural, de um lugar intimamente ligado a momentos-chave da história de Portugal.

Iniciou-se em 2017 e concluiu-se no ano transato de 2020, estando a sua abertura prevista para breve, assim que as medidas de desconfinamento em curso o permitirem, de modo que que seja devolvido à vila, ao Alentejo e ao mundo.

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